A exposição no Museu Municipal acontece até 7 de fevereiro de 2026. Foto: Adenir Britto/PMSJC
O Museu Municipal de São José dos
Campos inaugura, no próximo dia 7 de outubro, às 19h, a exposição "(EX) CULTURA — Entre a Matéria e a
Memória”, dedicada ao artista Egidio Rocci (1960–2015).
A mostra reúne esculturas, livros
de artista, desenhos, fotografias e ilustrações, lançando luz sobre um dos
nomes mais singulares das artes visuais do Vale do Paraíba.
A exposição acontece até 7 de
fevereiro de 2026. O Museu Municipal fica aberto para visitação de terça-feira
a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 9h às 13h.
Com "(EX) CULTURA”, o Museu Municipal consolida a sua nova fase,
após a reforma geral no prédio, entregue à população em janeiro de 2024. Esta é
a quarta exposição que acontece no prédio totalmente revitalizado.
Atualmente, o espaço também conta
com a exposição "Geometria do Tempo: uma topografia do passado, presente e
futuro”, da artista Fabíolla Canedo.
Artista
Com curadoria de Renata de Freitas
e Paulo H. Rosa, (EX) CULTURA carrega
em si as palavras cultura e escultura, apontando para a essência da poética de
Egídio Rocci. Sua obra nasce do gesto de recolher móveis de determinadas épocas
e contextos culturais, deslocando seus significados originais por meio de
recortes, encaixes e justaposições com outros materiais. Assim, aquilo que
pertencia a uma cultura específica deixa de ser uma coisa para tornar-se outra:
uma ex-cultura em transformação.
Esse processo é o núcleo da
pesquisa de Rocci. Ao reunir, cortar e recompor estruturas frágeis ou objetos
descartados, o artista cria esculturas que preservam e evidenciam as marcas do
tempo — ferrugens, trincas, desgastes — convertendo-as em linguagem.
Nas obras, o que poderia ser visto
como falha torna-se gesto construtivo, revelando contrastes fundamentais: cheio
e vazio, velho e novo, opaco e brilhante.
A exposição apresenta esse
território de tensões e ressignificações, em que a memória cultural se
reinventa em novas formas, convidando o público a refletir sobre os modos como
a matéria guarda e repropõe histórias.
Além das renomadas séries Junções e
Movimento, o público poderá apreciar a série Livros, criada nos últimos anos de
sua trajetória. Feitos em madeira de demolição, com dobradiças e encaixes
simples, esses volumes se abrem para abrigar relicários insólitos: fósforos,
trenas, lápis e pregos que, em vez de contar histórias lineares, sugerem
fragmentos de narrativas possíveis. São livros abertos à imaginação do público,
hoje também guardiões da memória de seu autor.
Na série Os Aviões,
Egídio Rocci retoma o universo lúdico para propor objetos que, apesar da forma,
não podem voar. Ao construir aviões em madeira — material pesado e inadequado
para o voo — o artista retira sua função original e acentua o contraste entre
desejo e limite, leveza e peso.
Essa escolha material, ao mesmo
tempo poética e paradoxal, revela um questionamento filosófico profundo: o
impulso humano de transpor barreiras e desafiar a gravidade, mesmo quando
confrontado pela impossibilidade. Em Rocci, o brinquedo improvisado se torna
metáfora da tensão entre sonho e matéria.
Fotografia
Outro destaque é a série
fotográfica Do oitavo andar, exibida em videoloop. Realizada a partir da janela
de seu apartamento, registra cenas do cotidiano — pássaros, pipas, roupas no
varal, gatos sobre muros, pessoas em gestos triviais — que se transformam em
poesia visual ao serem filtradas pelo olhar sensível do artista.
A produção gráfica de Rocci também
está presente. Durante as décadas de 1980 e 1990, suas charges publicadas na Folha de S.Paulo e no Valeparaibano marcaram uma fase em que o
traço crítico e irônico se consolidava como extensão de seu pensamento visual.
Esses desenhos, em diálogo constante com esculturas e livros, demonstram a
fluidez entre bidimensionalidade e tridimensionalidade em sua obra.
Como escreveu a crítica de arte
Angélica de Moraes, a produção de Rocci lida com "o duplo e o outro”, operando
deslocamentos de função e identidade (MORAES, 2008). Cada escultura, livro,
desenho ou fotografia desdobra-se como uma narrativa silenciosa, situada entre
o que já foi e o que ainda pode vir a ser.
Entre a matéria e a memória, Egídio
Rocci construiu uma obra que é também testemunho cultural: peças que preservam
o assombro diante do cotidiano, convidando o público a decifrar ou simplesmente
sentir.
Egídio
Rocci (1960–2015)
Artista visual nascido em São José
dos Campos, atuou entre as décadas de 1980 e 2015, quando faleceu. Sua
trajetória foi marcada pela experimentação entre desenho, escultura,
instalação, livros de artista e fotografia. Publicou charges em jornais como Folha de São Paulo e Valeparaibano, consolidando um traço
crítico e irônico. A partir dos anos 1990, dedicou-se à escultura com materiais
de descarte, transformando restos em poesia visual. Suas obras já integraram
exposições em galerias e instituições do Vale do Paraíba e de São Paulo.
Serviço
Museu
Municipal de São José dos Campos
Praça
Afonso Pena, 29 – Centro
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